Esta proposta pretende trazer ao debate elementos que ajudam a pensar o racismo como a força motriz da geopolítica moderna. Vale ressaltar que, em nossa perspectiva, o racismo é um fenômeno intrínseco à cosmovisão da cristandade europeia. Entendemos, assim, que o que sustenta a divisão do mundo em centro e periferia é uma interpretação dualista que dividiu a humanidade em espaços e raças (centros brancos e periferias racializadas). Um gênero de interpretação que teve sua origem na ontologia de Parmênides (DUSSEL,1996) e contaminou o cristianismo hebraico através dos padres gregos em Alexandria. O resultado desse sincretismo foi a cristandade que se consolidou com pensadores latinos como Santo Agostinho (DUSSEL, 1974). Essa reconfiguração cristã foi assimilada como uma “identidade” por toda a Europa Medieval (HOBSON, 2004). Desse modo, sustentamos que o dualismo cristão é responsável tanto pelo atraso da Europa – quando comparada, no período Medieval, a regiões como China e o mundo islâmico – como pela ascensão europeia, iniciada com o discurso religioso da “pureza de sangue” (GROSFOGUEL, 2013) e consumada com a Guerra do Ópio. Assim, em contrapartida ao que sustenta Giovanni Arrighi (2008), quando afirma que a causa da subjugação da China (no século XIX) pela Grã Bretanha foi a Industrialização da Guerra, argumentamos que antes dos investimentos em tecnologias de destruição (sem precedentes até aquele período), a particular subjetividade dualista/racista herdada dessa tradição heleno-cristã é a chave para explicar a consolidação da Europa como “o centro e o fim da ‘história universal’”, como presumira Hegel (DUSSEL, 2007).
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